27/12/2011

Vai, ano velho

Vai, ano velho, vai de vez,
vai com tuas dívidas
e dúvidas, vai, dobra a ex-
quina da sorte, e no trinta e um,
à meia-noite, esgota o copo
e a culpa do que nem me lembro
e me cravou entre janeiro e dezembro.

Vai, leva tudo: destroços,
ossos, fotos de presidentes,
beijos de atrizes, enchentes,
secas, suspiros, jornais.
Vade retrum, pra trás,
leva pra escuridão
quem me assaltou o carro,
a casa e o coração.
Não quero te ver mais,
só daqui a anos, nos anais,
nas fotos do nunca-mais.

Vem, Ano Novo, vem veloz,
vem em quadrigas, aladas, antigas
ou jatos de luz moderna, vem,
paira, desce, habita em nós,
vem com cavalhadas, folias, reisados,
fitas multicores, rebecas,
vem com uva e mel e desperta
em nossso corpo a alegria,
escancara a alma, a poesia,
e, por um instante, estanca
o verso real, perverso,
e sacia em nós a fome
- de utopia.

Vem na areia da ampulheta com a
semente que contivesse outra se-
mente que contivesse ou-
tra semente ou pérola
na casca da ostra
como se
se
outra se-
mente pudesse
nascer do corpo e mente
ou do umbigo da gente como o ovo
o Sol a gema do Ano Novo que rompesse
a placenta da noite em viva flor luminescente.

Adeus, tristeza: a vida
é uma caixa chinesa
de onde brota a manhã.
Agora
é recomeçar.
A utopia é urgente.
Entre flores de urânio
é permitido sonhar.

Affonso Romano de Sant'Anna
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Carta aos mortos 
 
Amigos, nada mudou                                      
em essência.
Os salários mal dão para os gastos,
as guerras não terminaram
e há vírus novos e terríveis,
embora o avanço da medicina.
Volta e meia um vizinho
tomba morto por questão de amor.
Há filmes interessantes, é verdade,
e como sempre, mulheres portentosas
nos seduzem com suas bocas e pernas,
mas em matéria de amor
não inventamos nenhuma posição nova.
Alguns cosmonautas ficam no espaço
seis meses ou mais, testando a engrenagem
e a solidão.
Em cada olimpíada há récordes previstos
e nos países, avanços e recuos sociais.
Mas nenhum pássaro mudou seu canto
com a modernidade.
Reencenamos as mesmas tragédias gregas,
relemos o Quixote, e a primavera
chega pontualmente cada ano.
Alguns hábitos, rios e florestas
se perderam.
Ninguém mais coloca cadeiras na calçada
ou toma a fresca da tarde,
mas temos máquinas velocíssimas
que nos dispensam de pensar.
Sobre o desaparecimento dos dinossauros
e a formação das galáxias
não avançamos nada.
Roupas vão e voltam com as modas.
Governos fortes caem, outros se levantam,
países se dividem
e as formigas e abelhas continuam
fiéis ao seu trabalho.
Nada mudou em essência.
Cantamos parabéns nas festas,
discutimos futebol na esquina
morremos em estúpidos desastres
e volta e meia
um de nós olha o céu quando estrelado
com o mesmo pasmo das cavernas.
E cada geração , insolente,
continua a achar
que vive no ápice da história.
 ***
 Affonso Romano de Sant'Anna

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15/12/2011

A Privataria Tucana: conheça Ricardo Sérgio de Oliveira

 Entrevista
08.12.2011 19:38

Chega às livrarias ‘A Privataria tucana’, de Amaury Ribeiro Jr. CartaCapital relata o que há no livro

Não, não era uma invenção ou uma desculpa esfarrapada. O jornalista Amaury Ribeiro Jr. realmente preparava um livro sobre as falcatruas das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso. Neste fim de semana chega às livrarias “A Privataria Tucana”, resultado de 12 anos de trabalho do premiado repórter, que durante a campanha eleitoral do ano passado foi acusado de participar de um grupo cujo objetivo era quebrar o sigilo fiscal e bancário de políticos tucanos. Ribeiro Jr. acabou indiciado pela Polícia Federal e tornou-se involuntariamente personagem da disputa presidencial.
'A Privataria Tucana', de Amaury Ribeiro Jr.
Na edição que chega às bancas nesta sexta-feira 9, CartaCapital traz um relato exclusivo e minucioso do conteúdo do livro de 343 páginas publicado pela Geração Editorial e uma entrevista com autor (reproduzida abaixo). A obra apresenta documentos inéditos de lavagem de dinheiro e pagamento de propina, todos recolhidos em fontes públicas, entre elas os arquivos da CPI do Banestado. José Serra é o personagem central dessa história. Amigos e parentes do ex-governador paulista operaram um complexo sistema de maracutaias financeiras que prosperou no auge do processo de privatização.
Ribeiro Jr. elenca uma série de personagens envolvidas com a “privataria” dos anos 1990, todos ligados a Serra, aí incluídos a filha, Verônica Serra, o genro, Alexandre Bourgeois, e um sócio e marido de uma prima, Gregório Marín Preciado. Mas quem brilha mesmo é o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, o economista Ricardo Sérgio de Oliveira. Ex-tesoureiro de Serra e FHC, Oliveira, ou Mister Big, é o cérebro por trás da complexa engenharia de contas, doleiros e offshores criadas em paraísos fiscais para esconder os recursos desviados da privatização.
O livro traz, por exemplo, documentos nunca antes revelados que provam depósitos de uma empresa de Carlos Jereissati, participante do consórcio que arrematou a Tele Norte Leste, antiga Telemar, hoje OI, na conta de uma companhia de Oliveira nas Ilhas Virgens Britânicas. Também revela que Preciado movimentou 2,5 bilhões de dólares por meio de outra conta do mesmo Oliveira. Segundo o livro, o ex-tesoureiro de Serra tirou ou internou  no Brasil, em seu nome, cerca de 20 milhões de dólares em três anos.
A Decidir.com, sociedade de Verônica Serra e Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, também se valeu do esquema. Outra revelação: a filha do ex-governador acabou indiciada pela Polícia Federal por causa da quebra de sigilo de 60 milhões de brasileiros. Por meio de um contrato da Decidir com o Banco do Brasil, cuja existência foi revelada por CartaCapital em 2010, Verônica teve acesso de forma ilegal a cadastros bancários e fiscais em poder da instituição financeira.
Na entrevista a seguir, Ribeiro Jr. explica como reuniu os documentos para produzir o livro, refaz o caminho das disputas no PSDB e no PT que o colocaram no centro da campanha eleitoral de 2010 e afirma: “Serra sempre teve medo do que seria publicado no livro”.
 http://www.cartacapital.com.br/politica/a-%E2%80%9Cprivataria-tucana%E2%80%9D-de-amaury-ribeiro-jr-chega-as-bancas-cartacapital-relata-o-que-ha-no-livro/

A Privataria Tucana: conheça Ricardo Sérgio de Oliveira

26/11/2011

Educação Especial

1 Segundo o Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica) no 02/01, os educandos
que apresentam necessidades educacionais especiais são aqueles que, durante o processo educacional, demonstram:
a) dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitação no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento
das atividades curriculares compreendidas em dois grupos: aquelas vinculadas a uma causa orgânica específica
e aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações e deficiências;
b) dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando adaptações de acesso ao currículo
com a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;
c) altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente os conceitos,
os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber
desafios suplementares
 Quem ganha com a inclusão de crianças com deficiência?
Estudos e experiências realizados no Brasil e no mundo
demonstram que a Educação Inclusiva é benéfica para todos os envolvidos.
Os alunos com deficiência aprendem:
• melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas;
• que podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas;
• a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças.

Os alunos sem deficiência aprendem
• a lidar com as diferenças individuais;
• a respeitar os limites do outro;
• a partilhar processos de aprendizagem.
Todos os alunos, independentemente da presença ou não de deficiência, aprendem
• a compreender e aceitar os outros;
• a reconhecer as necessidades e competências dos colegas;
• a respeitar todas as pessoas;
• a construir uma sociedade mais solidária;
• a desenvolver atitudes de apoio mútuo;
• a criar e desenvolver laços de amizade;
• a preparar uma comunidade que apoia todos os seus membros;
• a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.

DAS DIFERENÇAS:
"Eu preferia que meus filhos estivessem em uma escola onde as diferenças são notadas, cuidadas e vistas como sendo uma notícia boa para enriquecer o processo de aprendizagem.
A pergunta a qual várias pessoas estão preocupadas é “qual é o limite da diversidade além do
comportamento aceitável?” Porém a pergunta que eu gostaria que fizessem mais freqüentemente é: “Como podemos transformar o uso deliberado das diferenças de classes sociais, gênero, idade, habilidades, raça e interesses em recursos positivos para serem usados na aprendizagem?”
As diferenças oferecem uma grande oportunidade para o aprendizado. As diferenças oferecem recursos livres, abundantes e renováveis. Eu gostaria de ver a nossa compulsão por querer eliminar as diferenças em forças igualitárias e fazer uso dessas diferenças pra modificar as escolas. O que é importante sobre as pessoas e as escolas são exatamente as diferenças e não as semelhanças"
Robert Barth
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01/11/2011

Sobre educação, racismo e miséria

O racismo é constitutivo do capitalismo brasileiro. É uma ideologia de dominação sem a qual a elite brasileira não se manteria
 Douglas Belchior

A presidenta Dilma Rousseff elegeu o combate à miséria como prioridade de seu governo. A relevância do tema provoca expectativa, em especial por conta da óbvia compreensão de que o combate à miséria requer algo mais do que políticas compensatórias superficiais, marca das ações governamentais nos últimos anos.
A superação da pobreza depende, fundamentalmente, do rompimento com os interesses do grande capital, no Brasil representado por uma elite racista e preconceituosa, formada por latifundiários e empresários do agronegócio, por banqueiros, especuladores financeiros, grandes meios de comunicação e empresas transnacionais de diversas áreas. Daí porque somente uma mudança estrutural nas relações políticas, sociais, raciais e econômicas seria capaz de combater efetivamente as desigualdades.

Pobreza e analfabetismo
Não podemos permitir ou compactuar com corte de recursos ou investimentos públicos nas áreas sociais. Ao contrário, devemos exigir uma ampliação desses investimentos, sempre considerando o peso da variável “raça” na estruturação das desigualdades sociais no Brasil. Para isso, basta analisar os dados do Censo 2010 do IBGE, segundo o qual aproximadamente 16,2 milhões de brasileiros vivem em condições de extrema pobreza. Desses, mais de 70% são negras e negros.
Já a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) divulgada no final de 2010 apontou que o Brasil possui 14 milhões de analfabetos. E mais uma vez, percebe-se a população negra entre os mais preteridos no acesso ao direito à educação.
Aqueles que conseguem superar o analfabetismo encontram inúmeros desafios para completar o ensino médio, ter acesso a cursos técnicos e, principalmente, às universidades. Mesmo com o ProUni e o Enem enquanto via de acesso, as camadas mais empobrecidas têm ficado às margens das oportunidades visto o déficit na preparação prévia adequada e a própria limitação dos programas. São os cursinhos comunitários em todo Brasil que ocupam as lacunas deixadas pelo abandono do Estado. No caso da UNEafro-Brasil, mais de 2 mil jovens oriundos de escolas públicas se organizam em 42 núcleos, aliando estudo e luta em favor da educação pública. Será possível uma política efetiva de combate à miséria sem que haja ações dirigidas à população negra?

21/08/2011

O SIGNIFICADO DA INFÂNCIA

 Cada idade tem, em si mesma, a identidade própria,
Que exige uma educação própria,
Uma realização própria enquanto idade e
não enquanto preparo para outra idade.

Inicialmente a infância não era objeto de educação, mas somente de cuidados. A infância era objeto de assistência. Ainda é assim em muitos lugares. A preocupação fica por conta de suprir carências: carência de moradia, de carinho, de médico e de saúde, de alimentos, etc ...nesta concepção a Educação assume uma finalidade meramente supletiva: educar para evitar carência na infância. Queremos superar esta concepção.

Outra concepção a ser superada é a de preparar as crianças pobres para o trabalho. (lembram do programa do Sarney. O Bom Menino?). Não queremos que as crianças se atirem precocemente ao trabalho, ainda que tenhamos a concepção de que o trabalho é, em princípio, educativo.

Outra concepção muito freqüente no projeto educativo para a infância: a criança enquanto sujeito de domínio de atividades letradas. A pré-escola, o que significa esta palavra? Significa que entre os cinco/seis anos de idade a criança já tem que estar pré-escolada, já tem que dominar, se possível habilidades de leitura e escrita porque assim evitamos a reprovação na primeira série.

Não queremos escolarizar precocemente.
A idade de zero a seis anos tem uma identidade em si mesma, ela não está apenas definida pela inserção na escola.

Outra direção da educação muito freqüente, na década de 80: a infância, somente do futuro cidadão. Começamos a prepará-la na arte da democracia, na arte do diálogo, na arte da cooperação, na arte de um dia ter consciência de seus direitos.
Eis a linha tão presente na década de 80 e 90: a idéia de que a função principal da escola é preparar a infância e a adolescência para a cidadania consciente. É aceitável, mas temos que voltar a refletir que visa o preparar para o futuro.

A proposta hoje deve ser a escola enquanto serviço público, permitindo a vivencia de todas as dimensões da pessoa no presente. Não queremos uma escola para "um dia ser". Queremos uma escola onde na infância a cidadania seja uma realidade.
A idéia fundamental é que a escola de educação infantil dê condições materiais, pedagógicas, culturais, sociais, humanas, alimentares, espaciais para que a criança viva como sujeito de direitos, se experimente ela mesma enquanto sujeito de direitos. Permita ter as dimensões, ações, informações, construções e vivências.

Queremos ter uma escola viva, em que se viva a cidadania e não uma escola onde se sonhe um dia ser cidadão. Enquanto ser social que já é, na medida em que ela viver com mais intensidade e que ela é, estará se preparando para um dia viver com intensidade futuras idades, futuras fases de sua vivência, de sua formação.

Construamos o dia a dia da escola de uma maneira digna de cidadãos, de sujeitos de direito. Considerando a escola como espaço de vivência da cidadania. Implica em não estar apenas preocupados com as habilidades e conhecimentos que vai adquirir para um dia ser trabalhador, ser profissional, vencer na vida, vencer no vestibular, viver na cidadania.

Na última década houve uma preocupação com conteúdos, para torná-los mais críticos. É necessário, mas não é suficiente. A preocupação de aprender habilidades e dominar conteúdos sobrepôs-se a outros aprendizados. E, ouviu-se muito dizer que o lúdico ajuda a aprender matemática, que através das brincadeiras se aprende muito mais do que se planeja numa sala de aula. De acordo. Mas a brincadeira não pode simplesmente ser um instrumento para que a aula seja mais eficiente. A brincadeira tem sentido em si, porque somos seres lúdicos, tanto quanto seres conscientes, intelectuais, conectivos, etc...

Temos a linguagem corpórea tanto quanto a escrita e ambas tem que ser aprendidas, e não uma só em função da que é prioritária.
Há uma super alfabetização e matematização de nossas crianças. A escola superestima o domínio da linguagem escrita porque esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é válido só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da nossa construção tanto quanto a leitura para um dia ler e inserir-nos na sociedade.

Há questões muito sérias a serem discutidas quando pensamos na infância como direito de vivencias e não apenas como preparo para a adolescência, a juventude ou a fase adulta.


Leia mais em: http://www.webartigos.com/articles/15425/1/O-SIGNIFICADO-DA-INFANCIA/pagina1.html#ixzz1ViKq9Xwn
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02/08/2011

Parecer da Promotoria é favorável à Unificação da Carreira da Educação Infantil!

Confira:
No dia 02 de agosto, o sindicato esteve na Promotoria de Justiça Especializada na Defesa do Patrimônio Público e foi informado pelo Promotor Eduardo Nepomuceno de Sousa a decisão tomada pela Promotoria de Justiça com a aprovação dos sete promotores em relação à situação dos ocupantes do cargo de Educação Infantil.
“Considerando a autoridade competente para encaminhamento e solução da presente demanda ser Sua Excelência, Senhor Prefeito Municipal.
RESOLVE:
RECOMENDAR ao Município de Belo Horizonte, na pessoa de Sua Excelência, Senhor Prefeito Municipal, Márcio de Araújo Lacerda, que encaminhe projeto de lei à Câmara Municipal, no sentido de revogar os dispositivos normativos anteriores, relativos ao cargo de Educador Infantil ao de Professor, nos níveis iniciais da carreira (Educação Infantil Básica), assegurando-lhes os mesmos direitos para todos os fins, inclusive de tratamento e política salarial, remuneração, gratificações e aposentadoria. “
O Ministério Público estipula:
 “Aguarde-se resposta por 60 (sessenta) dias. Findo tal prazo, não havendo manifestação, serão adotadas medidas judiciais pelo Ministério Público”
Veja na íntegra:
http://www.redebh.com.br/crbst​_42.html
Com esta importante conquista, demonstramos que temos força e que a nossa vitória está cada vez mais perto. Portanto não podemos parar. Os próximos passos da luta devem ser discutidos, aprovados e encaminhados pela categoria na próxima reunião da Educação Infantil, no Sindicato (dia e horário a confirmar).
Fiquem atentos ao site, emails, malotes e fax. Continuamos firmes e fortes na luta.
--
Departamento de Comunicação e Imprensa do Sind-REDE/BH
www.redebh.com.br

26/07/2011

Fotografia parcial da educação brasileira | BRASIL de FATO

Só vamos romper com esse atraso educacional quando algumas providências forem tomadas. Entre elas estão o aumento significativo dos recursos públicos destinados à educação, a melhoria das condições de estudo e trabalho nas escolas e o respeito aos ideais republicanos e democráticos, inclusive quanto à “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, como reza nossa Constituição. Para que tenhamos um real rompimento com a situação atual, devemos atuar desde a educação infantil até a pós-graduação. Devemos, também, fazer com que a educação seja um instrumento de superação das desigualdades – e não de sua reprodução, como ocorre hoje – e recuperar o espaço público, em especial no ensino superior, apoderado por instituições privadas mercantis, com a conivência e o apoio, inclusive financeiro, dos governos.

Veja mais:

Fotografia parcial da educação brasileira | BRASIL de FATO

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18/07/2011

Educação Musical. Oficina de música na Umei.

Estamos realizando oficinas de música e contação de Histórias na Umei Carlos Prates. O objetivo é que as educadoras aprendam noções básicas de música para trabalhar com as crianças. Existe por parte de muitas educadoras, o interesse em trabalhar musicalidade com as crianças, portanto, sem ter nenhuma noção, fica difícil. Da mesma forma, a contação de histórias. A gente gosta de contar histórias, mas com técnica, fica bem melhor...




A professora Denise canta e encanta a criançada!






                

contando e cantando estórias com Aline e Chicó:















DO QUINTAL À SALA DE AULA, COM MARIANA DO GRUPO DE TEATRO MARIA CUTIA.




 


OFICINA DE MÚSICAS E CULTURAS AFRICANAS. Profª Linete.
Veja mais em: jace161

05/07/2011

Educação. Caso de política ou de Polícia?



A Educação em BH já está virando "CASO DE POLÍCIA!"





Entendam o caso:

















Há aproximadamente 7 anos, a prefeitura de BH decidiu "criar" o cargo de educador Infantil. Já existiam escolas de Educação Infantil, onde eram atendidas crianças a partir de quatro anos, mas em número bem pequeno. Era necessário ampliar este atendimento, para fazer cumprir a Constituição Federal e também, atender à demanda, mas sem gastar muito dinheiro, certo?  Então, criaram um cargo à parte, como sendo algo diferente no que diz respeito à um cargo de Educação. Fizeram uma "Gambiarra". Equivocadamente, acharam que iria dar certo, contratarem professores para exercer um cargo que só pode ser exercido por professores (caso queiram um trabalho de qualidade e que possa ser mostrado na mídia) mas ao mesmo tempo, tentar fazer acreditar que esse trabalho não é um trabalho de professor. Está dando pra entender? Bem confuso, né!  Pois é. Todo mundo já sabia disso, porém a coisa ficou clara de verdade, quando a Secretária de Educação, Macaé Evaristo sacramentou diante do promotor, esta falácia.

Agora não tem mais jeito. O caldo já entornou. Os professores que atuam na Educação Infantil querem saber se a função que exercem é a de cuidadores ou de Educadores. Se a primeira opção for a que  a Prefeitura quer, então: Adeus educação de qualidade; Adeus Educação Infantil como vitrine para ganhar votos e Adeus felicidade dos pais que se sentiam orgulhosos por terem seus filhos matriculados numa escola de qualidade!
Diante de tal constatação, os professores da Educação Infantil tem duas opções a seguir: Fazer o que a Macaé lhes conferiu, ou seja, simplesmente cuidar das crianças, enquanto seus pais trabalham, se eximindo de qualquer ação pedagógica, ou exigir que as professoras e professores da Educação Infantil sejam respeitadas e valorizadas como tal.

Seguindo a lógica da Prefeitura, seria melhor, contratar qualquer um, com ensino médio para exercer o cargo.
Lembre-se Macaé e Cia que, "Não estamos com a cuca exposta na janela pra passar a mão nela!"
 
Infelizmente, o Brasil sempre prioriza o futebol e o carnaval, em detrimento da educação e isto é lamentável. Com a aproximação da Copa do mundo, é como se o país parasse e nada mais tivesse importância. Bilhões estão sendo gastos em obras para turista ver e sair daqui, com a falsa impressão de que somos um país decente. Porém, o que faz um país decente é um povo digno e bem educado. Isto só é possível através da Educação.Portanto, não vamos deixar que políticos mal intencionados e tendenciosos causem um retrocesso naquilo que vem sendo construído a duras penas em nosso país, a Educação!

04/06/2011

ORAÇÃO PELO PLANETA TERRA

Educação Ambiental é saber que nossa responsabilidade como educador (a) é ser coerente em nossas ações. Nossa obrigação é nos informar para podermos formar cidadãos responsáveis e conscientes. Só assim haverá transformação social e quem sabe, um planeta sustentável!

29/05/2011

Educação Infantil. Questionamentos e reflexões.

Doutora em educação e professora do Curso de Especialização em educação infantil da PUC/RJ, Léa Tiriba propõe, em sua tese de doutorado, a reinvenção das relações entre seres humanos e natureza nos espaços de educação Infantil.
Segundo Léa, é preciso dar mais liberdade às crianças, oferecer o que elas gostam. E o que a gente percebe é que criança gosta de estar em contato com a natureza. Muitas vezes, elas passam o dia todo fechadas dentro da escola. É como se a realidade se reduzisse às áreas entre os muros. Esquecemos que as crianças nasceram para o mundo e não para a creche.
O grande desafio do professor de educação infantil, preocupado com os temas da atualidade, é educar na perspectiva de uma nova sociedade sustentável. E isso, segundo Tiriba, implica em “rever as concepções de mundo e de conhecimento que orientam as propostas curriculares em que a natureza não tem valor em si mesma. Ela serve apenas como matéria-prima para a economia industrial”.
E prossegue: “se a vida transcorre no cotidiano das instituições, é aí que ela se afirma como potência ou impotência, de corpo e de espírito.”
Assim, autoconstituição e aprendizagem não são processos separados, explica a educadora.
Léa inspira-se na filosofia de Espinosa para concluir que as instituições educacionais devem ser vistas como “espaços de vivência do que é bom, do que alegra, e, frente à vida, nos faz potentes”. A professora propõe: “vamos ultrapassar as paredes de concreto, alargar as janelas das salas, deixar as crianças de pés descalços, passar mais tempo ao ar livre”.
Mesmo nas grandes cidades, em que as pré-escolas muitas vezes têm espaço limitado, é possível fazer que a criança passe menos tempo “emparedada”. Ela lembra que há sempre um parquinho por perto, uma praça ou mesmo um terreno baldio que podem ser utilizados. “Como aprender a respeitar a natureza se as crianças não convivem com seus elementos?”, pergunta Léa. Criança feliz põe os pés na terra, toma banho de mangueira, observa e interage com a natureza: “Ela é capaz de passar horas observando um formigueiro e tudo o que o professor deve fazer é participar dessas descobertas”, exemplifica. Léa Tiriba observou que a maioria das unidades de educação infantil possui pátios com pisos cobertos. Em uma escola, reparou que, por baixo da cobertura de pedra, a terra foi isolada com um plástico preto. “Uma forma de evitar o crescimento de plantas e, assim, afastar os insetos”, explicaram.
E acrescenta: “A grama, onde existe, muitas vezes não está liberada para as crianças,
sob o pretexto de que nela não se pode pisar.” Dessa forma, as crianças são privadas de brincadeiras como cavar, amontoar, criar, construir e demolir; atividades tão desejadas, que só a terra e a areia propiciam.
Geralmente, a vegetação presente nas creches e nas escolas reforça a concepção de que a natureza está à disposição dos humanos. Ela tem função decorativa ou instrumental. Isto é, a relação das crianças com o mundo vegetal é mediada por objetivos pedagógicos que visam a construção de noções abstratas.
Não se mostra, na prática, os processos de nascimento e de desenvolvimento dos frutos da
terra. São raríssimas as instituições em que as atividades de plantio e manutenção de hortas e
jardins incluem efetivamente as crianças. As torneiras servem apenas para limpar os espaços
e lavar as mãos delas. No verão, há banhos de mangueira ou de piscina. Mas, apesar das
altas temperaturas, não acontecem diariamente. Colocar barquinho de papel na correnteza
em dias de chuva, brincar de comidinha, dar banho em boneca, nada disso é
corriqueiro. Pelo contrário, é exceção.
Confinamento e controle
Tiriba ressalta que desfrutar da vida ao ar livre é um direito da criança. Mas o contato com o mundo natural está geralmente relacionado à sujeira, à desorganização, à doença e ao perigo: “A natureza é vista como ameaça à organização do cotidiano e da vida, planificada e pautada nos ideais de previsibilidade. Portanto, a solução é privar os meninos e meninas de atividades que poderiam, na visão das famílias, afetar a saúde.”
Léa observa ainda que manter o cotidiano distanciado da natureza facilita o processo de controle.
Na concepção das educadoras, em entrevista a espaços abertos, as crianças “ficam mais livres” e, portanto, mais “difíceis de controlar”.
Tal necessidade, segundo a professora, leva a uma pedagogia que privilegia os espaços fechados. “A própria formação dos educadores é pensada tendo os espaços das salas como referência”, conclui.
Outro fator que impede o contato com a natureza é um fenômeno que Léa chama de “ideologia do espaço construído”. A crescente demanda por creches e escolas resulta na ocupação de todos os espaços do terreno com edificações. O ar livre é tomado por novas salas, as áreas verdes somem, as crianças ficam emparedadas. Isso ocorre não só pela falta de recursos econômicos, mas também “por uma política assistencialista equivocada, que visa estender a cobertura do atendimento sem assegurar qualidade de vida”.
Além do mais, a professora chama a atenção para o fato de que costuma se valorizar o aprendizado concreto em detrimento da oferta de vivências, de experiências emotivas e de sensações que só a natureza pode proporcionar.
Essa alternativa não ocorre porque, segundo Tiriba, “os sentimentos não servem para confirmar o que foi trabalhado de forma sistemática”.
As crianças, por sua vez, têm verdadeiro fascínio pelos espaços externos porque eles são o lugar da liberdade.
Ao ar livre, as vivências suscitam encontros e as disputas são amenizadas.
Supervalorização do intelecto
Segundo Léa Tiriba, paradigmas como esses vêm sendo repetidos nas práticas das salas de aula
há pelo menos trezentos anos: “Foi dessa forma que chegamos ao estado de estranhamento entre natureza e ser humano.
Não nos percebemos mais como parte de um todo planetário, cósmico. Confirmou-se uma visão antropocêntrica que atribui ao ser humano todos os poderes sobre as demais espécies. Acreditamos ser proprietários da natureza, os grandes administradores do planeta”, afirma.
A razão, segundo a professora, sobrepôs-se aos ritmos naturais, vistos como obstáculos
para um espírito pesquisador, desvendador de todos os mistérios da vida.
Um espírito capaz, até mesmo, “de determinar os rumos da história”. A supervalorização
do intelecto resultou no desprezo pelas vontades do corpo, provocando o divórcio entre corpo e mente. Para ela, as relações com a natureza, vitais e constitutivas do humano, são pouco valorizadas porque o homem moderno foi se desgarrando de suas origens animais, sensitivas, corpóreas.
A rotina pode ser inimiga da conscientização. Limitar as vontades e as necessidades é distanciar a criança do mundo natural. As repetições diárias das instituições educacionais acabam por separar também corpo e mente, razão e emoção.
Segundo Léa, o projeto pedagógico deve ser pensado de forma que possa harmonizar o
sentir e o pensar. Um sistema atento às vontades do corpo, que não aprisione os movimentos e que estimule a liberdade de expressão. “O professor deve sempre se perguntar se está aproveitando tempo e espaço de forma saudável e positiva. Criança precisa de um ambiente alegre e criativo. Quando determinamos hora exata para comer, ir ao banheiro, brincar
etc., criamos um imperativo pedagógico que aliena os ritmos internos delas e altera o equilíbrio de sua ecologia pessoal.”
Uma das inspirações para sua pesquisa é o conceito de ecosofia, formulado pelo filósofo
Félix Guattari. A ecosofia articula as ecologias pessoal, social e ambiental. Léa explica que
“a ecologia pessoal diz respeito à qualidade das relações de cada ser humano consigo mesmo; a ecologia social está relacionada à qualidade das relações dos seres humanos entre si; e a ecologia ambiental diz respeito às relações dos seres humanos com a natureza”.
Reunidos, esses registros ecológicos expressam as dimensões da existência. E, portanto,
definem equilíbrios ecosóficos que expressam a qualidade de vida na Terra. A partir desta referência, a professora chegou ao seguinte questionamento: qual a qualidade das relações de cada ser humano consigo mesmo, com os outros humanos, e com as outras espécies que habitam a Terra?
De acordo com Léa, a estratégia de emparedamento das crianças serve ao capitalismo
porque produz corpos dóceis e disciplinados. Assim, “alienado da realidade natural e da realidade corporal-espiritual, o modo de funcionamento escolar contribui para o aprofundamento de uma lógica que produz desequilíbrios no plano das três ecologias”.
Degradação ecológica Em sua tese de doutorado, Léa Tiriba foi buscar na História a
origem da degradação ambiental que ameaça a vida no nosso planeta. Para isso, foi preciso compreender como se concretizou a separação entre seres humanos e natureza, ao longo da história do ocidente. Segundo ela, “as origens históricas e filosóficas do nosso estilo de vida resultaram em um modelo de desenvolvimento que produz, ao mesmo tempo, desigualdade social, desequilíbrio ambiental e sofrimento pessoal”.
A partir da Revolução Industrial, passamos a pensar que o homem é superior à natureza e não parte integrante dela.
A professora entende que “as conexões que se estabeleceram entre a economia, a ciência e
a filosofia formaram uma nova rede de conceitos e de valores que vem dando sustentação
ideológica a uma forma de organização social voltada para a acumulação de bens”. A partir
de então, a natureza passou a ter apenas valor comercial. Tudo que vem da terra é visto como
matéria-prima a ser transformada em bem de consumo.
Desconstruir para sobreviver
Léa Tiriba chama a atenção para o fato de que os educadores se preocupam em definir as
políticas sobre edificações, organização das instituições, projetos pedagógicos e propostas de formação profissional. Mas os pátios abertos raramente são mencionados.
“A necessidade de contato com a natureza não está clara em documentos, diretrizes, padrões
de infra-estrutura ou propostas pedagógicas”, critica ela.
No entanto, a professora lembra que as instituições educacionais são espaços perfeitos para desconstruir e reinventar estilos de vida.
Particularmente, as instituições de educação infantil são campos férteis para as revoluções moleculares propostas por Félix Guattari. Isso porque as crianças pequenas ainda não sofreram inteiramente os efeitos da institucionalização escolar. Portanto, “são mais flexíveis e abertas às possibilidades de subversão e transgressão de práticas que sustentam a lógica capitalista”, afirma a educadora.
Para se alcançar um novo equilíbrio ecosófico, Léa sugere que, além de qualquer curso ou
seminário de formação, é necessário transformar nossos valores.
Ela prega mudanças nos padrões de consumo; a desconfiança do poder explicativo do racionalismo científico; a superação do antropocentrismo e da ideologia do trabalho como fonte de aprimoramento humano.•
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revista44.pdf

24/05/2011

Um Novo olhar sobre a Matemática

http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/leia-tambem/124-edicao-93--abril/1189-novo-olhar-sobre-a-matematica


por Paulo Henrique Gadelha /Abril 2011
foto Acervo do Pesquisador

Historicamente, a Matemática foi concebida como uma ciência hermética e desinteressante. É comum escutarmos relatos de experiências traumáticas quando o assunto em questão é o aprendizado da disciplina. Seria possível, então, estudar os conteúdos matemáticos de uma forma alternativa e atraente, tornando-os inteligíveis para os alunos e eficiente para o professor?
Para essa indagação, o professor João Batista do Nascimento, da Faculdade de Matemática do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) da Universidade Federal do Pará (UFPA), não titubeia em afirmar que sim. A resposta tem respaldo na metodologia criada pelo próprio docente: o uso do teatro na aula de Matemática.
De acordo com o professor, a didática consiste em trabalhar os conceitos dessa área de conhecimento de uma maneira em que os alunos possam assimilar os conteúdos de forma lúdica e prazerosa. “Com o auxílio do teatro, a criança vai perder o medo da Matemática e passar a ter uma nova visão sobre a disciplina, pois a linguagem teatral tem o poder de despertar os nossos sentimentos e emoções. Dessa forma, após vivenciar no palco o que sempre foi considerado enfadonho, o aluno vai ter mais sensibilidade para aplicar a Matemática no seu cotidiano”, afirma o professor João Nascimento.
Com o primeiro resultado prático de sua metodologia, o professor criou, em 2003, o Projeto de Extensão “Atividades de Matemática para 3ª e 4ª séries”, o qual vigorou durante aquele ano na UFPA e contou com a ajuda de quatro alunos que cursavam Licenciatura em Matemática na Universidade, na época. A iniciativa recebeu, ainda, apoio do Clube de Ciências do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática e  Científica (NPADC), atualmente Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI), e da Faculdade de Matemática.
As atividades da iniciativa aconteciam aos sábados no Clube de Ciências. Nesses encontros, crianças do bairro Guamá entravam em contato com a Matemática não só por meio de peças de teatro, mas também por utilização de jogos e outras brincadeiras. Essas dinâmicas, segundo João Nascimento, são eficientes, pois contribuíam para uma melhor fixação dos conteúdos.

Espetáculo conta origem das figuras geométricas

Após essa experiência, o professor pensou em criar um espetáculo teatral que pudesse consolidar o seu trabalho. Então, João Nascimento elaborou a proposta da peça chamada “De ponto em ponto formamos...”, na qual os personagens representam elementos da Geometria Plana. O objetivo era discorrer a respeito dos conceitos básicos desse tópico da Matemática, tudo de forma informal e bem humorada.
A peça era dividida em cinco atos: OH! Sujeito quadrado! (ato 1); Triângulo Amoroso (ato 2); Círculo Vicioso (ato 3); Tem que andar na linha (ato 4); Ponto Finalmente (ato 5). No momento das encenações, os personagens (elementos matemáticos) se apresentavam, explicavam suas funções e  peculiaridades contracenando uns com os outros. A proposta foi apresentada em instituições de ensino superior no Pará, adequando o conteúdo à realidade local. No Campus Universitário do Baixo Tocantins (CUBT) da UFPA, em Abaetetuba, isso aconteceu durante a realização da disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos para o Ensino de Matemática, ministrada pelo professor Aubedir Seixas Costa, que também desenvolveu o trabalho nos municípios de Breves, Tailândia e Concórdia do Pará.
A metodologia foi batizada de “Matemática e Teatro – da construção lúdica à formalização”. A forma alternativa de ensinar Matemática ganhou notoriedade na mídia local, nacional e até internacional, sendo divulgada em Portugal.

Modelo tradicional é deficiente e ultrapassado

Apesar de defender com afinco o seu método, o professor mostra-se cético quanto a possíveis mudanças no modelo tradicional de se ensinar a ciência na rede básica, o qual ele considera extremamente deficiente e ultrapassado. Um problema que não se restringe ao Brasil, “o ensino de Matemática praticado aqui é de péssima qualidade. Essa realidade ultrapassa as fronteiras do País e se estende por toda a América Latina. É premente a necessidade de melhorar o ensino. Não adianta mais o professor apenas se limitar a escrever uma definição no quadro e o aluno copiar. E para atingir a qualificação esperada, o docente precisa buscar novos métodos. Porém não vejo uma movimentação intensa nesse sentido”, declara João Nascimento.
Para o professor, um dos fatores que contribuem para essa realidade é a concepção de que o aluno da rede básica não faz ciência. “Isso é falso. Eles produzem ciência tanto quanto quem está na universidade. Agora, é claro que existe uma diferença na densidade da produção. Isso é natural. Mas a produção do ensino básico não deixa de ser científica por ser menos complexa”, considera.
O próximo desafio de João Nascimento é produzir um livro que contemple todo o histórico da sua metodologia, para auxiliar estudantes e professores. A obra deve conter as dinâmicas envolvendo  teatro e também poesia, música e outras vivências. O projeto já tem título “Matemática para Aprender e Ensinar”. Faltam alguns detalhes para a publicação, no entanto o professor já usa o esboço do material para auxiliar alguns colegas que têm interesse no trabalho.
“Não consigo visualizar grandes mudanças. Porém continuo insistindo em relacionar o teatro com a Matemática. Quero que as crianças não se limitem a aplicar o conhecimento em um papel frio de prova, mas possam defender o seu saber com todos os recursos e emoções disponíveis”, finaliza João Nascimento.

09/04/2011

A matança na escola


*por Chico Alencar

[Wellington Menezes de Oliveira matou 12 alunos na escola Tasso da Silveira, em Realengo, após o que se suicidou.]

“Um grito ouviu-se em Ramá, de pranto sentido e lamentação: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais” (Mt, 2, 18)

A dor indizível e inconsolável das famílias que perderam suas crianças, até há pouco alegres alunos da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio, exige de nós consternada solidariedade. Ter filhos, netos, irmãos, primos ceifados no alvorecer da vida é a pior tragédia que pode acontecer, e só o conforto humano e alguma fé dará forças para seguir sobrevivendo. Perdê-los no espaço sagrado de uma sala de aula, no início da manhã ensolarada, é mais absurdo ainda.

Mas o acontecimento terrível também impõe profunda reflexão. Uma tragédia como esta não se insere no painel tristemente costumeiro da criminalidade, mas no da violência social insana. É difícil reconhecer que os gatilhos exterminadores também foram, de maneira indireta e invisível, apertados por todos os que temos responsabilidade pública. Mas a matança perpetrada por um indivíduo mentalmente degradado tem propulsores sociais que nos dizem respeito.

O assassino estava com duas pistolas e fartamente municiado porque é frouxo o controle da circulação de armas e munições em nosso país. O armamentismo ilegal é objeto de crescente tráfico, e favorecido também pela cultura importada do ‘cada indivíduo uma arma’;

O criminoso imbuiu-se de uma ‘missão de terror’ porque os meios de comunicação de massa e de ‘entretenimento’ disseminam serial killers, vídeo-games, filmes e seriados propagadores da violência, da eliminação dos adversários como valor maior, do espetáculo da destruição;

O demente, no seu isolamento, em sociedade sem política pública preventiva de saúde mental, cristalizou comportamento mórbido talvez também estimulado por fundamentalismos e fanatismos contemporaneamente exacerbados;

O matador encontrou facilidades no seu trajeto de morte porque nossas precarizadas escolas públicas já não têm quantitativo de servidores, dentro delas e no seu entorno, que possa contribuir para maior segurança do cotidiano pedagógico.

O homicida, já condenado definitivamente, foi produzido, de alguma maneira, também por nossa omissão, por nossa indiferença, por nossa demissão cidadã. Talvez por nossa adesão ao mundo torpe da competição desvairada, da eliminação do outro, do desprezo pela dignidade da vida humana. Ambiente civilizatório perverso que muito(a)s educadore(a)s – tantas vezes vítimas dele - lutam por transformar, para que nossas crianças tenham possibilidade de futuro.

15/03/2011

EDUCAÇÃO, TRABALHO E CIDADANIA



a educação brasileira e o desafio da formação humana no atual cenário histórico
ANTÔNIO J. SEVERINO
Professor de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da USP

Resumo: O texto desenvolve uma reflexão filosófico-educacional sobre a condição da educação como prática mediadora da existência histórica dos homens, explicitando seus desafios e compromissos diante da sua situação concreta no contexto social brasileiro da atualidade. 
A humanidade vive, hoje, um momento de sua história marcado por grandes transformações, decorrentes sobretudo do avanço tecnológico, nas diversas esferas de sua existência: na produção econômica dos bens naturais; nas relações políticas da vida social; e na construção cultural. Esta nova condição exige um redimensionamento de todas as práticas mediadoras de sua realidade histórica, quais sejam, o trabalho, a sociabilidade e a cultura simbólica. Espera-se, pois, da educação, como mediação dessas práticas, que se torne, para enfrentar o grande desafio do 3o milênio, investimento sistemático nas forças construtivas dessas práticas, de modo a contribuir mais eficazmente na construção da cidadania, tornando-se fundamentalmente educação do homem social.
A educação, como processo pedagógico sistematizado de intervenção na dinâmica da vida social, é considerada hoje objeto priorizado de estudos científicos com vistas à definição de políticas estratégicas para o desenvolvimento integral das sociedades. Ela é entendida como mediação básica da vida social de todas as comunidades humanas. Esta reavaliação, que levou à sua revalorização, não pode, no entanto, fundar-se apenas na sua operacionalidade para a eficácia funcional do sistema socioeconômico, como muitas vezes tendem a vê-la as organizações oficiais, grandes economistas e outros especialistas que focam a questão sob a perspectiva da teoria do capital humano.

Veja o texto na íntegra:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200010&lang=pt

04/02/2011

BIG BROTHER - BRASIL Alôôô!

Autor: Antonio Barreto,

Cordelista natural de Santa Bárbara-BA,
residente em Salvador.

 Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’,
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação..

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dá. muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
,“professor” Pedro Bial,
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos,
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM

03/02/2011

A Educação promove mudança. Seja você, esta mudança!

Não adianta olhar pro céu com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer e muita greve Você pode e você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão, virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu Num quer dizer que você tenha que sofrer Até quando você vai ficar usando rédea Rindo da própria tragédia? Até quando você vai ficar usando rédea Pobre, rico ou classe média? Até quando você vai levar cascudo mudo? Muda, muda essa postura Até quando você vai ficando mudo? Muda que o medo é um modo de fazer censura (Refrão) Até quando você vai levando porrada, porrada? Até quando vai ficar sem fazer nada? Até quando você vai levando porrada, porrada? Até quando vai ser saco de pancada? (Repete refrão) Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente Seu filho sem escola, seu velho tá sem dente Você tenta ser contente, não vê que é revoltante Você tá sem emprego e sua filha tá gestante Você se faz de surdo, não vê que é absurdo Você que é inocente foi preso em flagrante É tudo flagrante É tudo flagrante (Refrão x2) A polícia matou o estudante Falou que era bandido, chamou de traficante A justiça prendeu o pé-rapado Soltou o deputado e absolveu os PM's de Vigário (Refrão x2) A polícia só existe pra manter você na lei Lei do silêncio, lei do mais fraco: Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pro saco A programação existe pra manter você na frente Na frente da TV, que é pra te entreter Que pra você não ver que programado é você Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar E querem que eu seja educado, que eu ande arrumado que eu saiba falar Aquilo que o mundo me pede não é o que o mundo me dá Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar Escola, esmola Favela, cadeia Sem terra, enterra Sem renda, se renda. Não, não (Refrão x2) Muda, que quando a gente muda o mundo muda com a gente A gente muda o mundo na mudança da mente E quando a mente muda a gente anda pra frente E quando a gente manda ninguém manda na gente
Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura Na mudança de postura a gente fica mais seguro Na mudança do presente a gente molda o futuro