08/02/2010

CARTA CAPITAL - A solução necessária

03/02/2010
Pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio, 79 anos, é intelectual católico próximo de uma corrente que na França produziu figuras como François Mauriac. Iniciou-se na política ao lado do governador paulista Carvalho Pinto, foi deputado federal pelo PDC e despertou as iras dos latifundiários ao criar durante o governo de João Goulart a Comissão Especial da Reforma Agrária. Com o golpe de 1964 foi um dos primeiros cem brasileiros que sofreram a cassação dos direitos políticos. Por seis anos viveu exilado no Chile. De volta, lecionou na FGV e militou no MDB. Em 1980, passou-se para o PT e foi autor do estatuto do partido. Voltou à Câmara Federal em 1986. Desde 2005 liderança do PSOL, aqui expõe suas decepções, esperanças e aspirações.
CartaCapital:
É o senhor o candidato do PSOL à Presidência?
Plínio de Arruda Sampaio:
Há uma certa disputa de correntes internas que se resolve em março. Eu acho que nós precisamos ter uma candidatura alternativa com capacidade de propor o outro lado, caso contrário será um lado só. A verdade é que entre o Serra e a Dilma há diferenças de nuances aqui, nuances ali, mas não tem uma diferença substancial. Ninguém propõe a solução necessária. Aliás, eu noto o seguinte, o domínio da burguesia é uma hegemonia completa, então o que eles não querem é que se levantem as soluções reais. Discutem-se os problemas através de um artifício: o País amadureceu, as ideologias estão superadas e vamos para as soluções técnicas. Por exemplo: como explorar o pré-sal? Com a Petrobras ou por meio de uma empresa nova? Este não é o problema e esta solução é acidental.
CC:
Como o senhor interpreta então a clara resistência da mídia em geral, que é excelente porta-voz da burguesia nativa, ao nome de Dilma Rousseff e, sobretudo, de Lula?
PAS:
A mesma coisa deu-se com Getúlio. Ele na verdade defendeu os fazendeiros de café como ninguém. Eu que descendo de fazendeiros de café sei muito bem o que acontecia lá em casa, no entanto o Getúlio com aqueles senhores não tinha vez. Porque Lula tem um vício de origem. Embora, a meu ver, ele tenha passado para o outro lado, totalmente, ele sempre é um cara do lado de lá.
CC: Ódio de classe no caso do Lula. Mas Dilma não é uma ex-metalúrgica.
PAS
A Dilma pode ser a Dilma, pode ser o Zequinha da esquina, pode ser um poste, a Dilma é o Lula.
CC:
E Serra não é Fernando Henrique?
PAS: O Serra é melhor que o Fernando Henrique. Mas é o Fernando Henrique. Ele é mais nacionalista que o Fernando Henrique. Eu conheço bem o Serra, nós estudamos juntos em Cornell, fomos companheiros, trabalhamos juntos. Eu o conheço desde menino. Serra é mais decidido que Fernando, que só pensa nele mesmo. Há horas em que Serra não pensa só nele.
CC: A popularidade de Lula não decorre da identificação do povo com um igual que chegou à Presidência?
PAS: Esse é um componente, mas tem outros. O brasileiro diz para si mesmo: não tem jeito, é esse aí mesmo, esse é nosso. Mais um componente é a cultura do favor. Esta é uma sociedade que teve 300 anos de escravidão, quando havia duas figuras econômicas, um senhor de terras e um escravo. No meio ficava o bastardo, um mulato liberto, um branco pobre. Não tinham lugar na economia. Do que eles viviam? Do favor do senhor de terras. Isso está até hoje, a cultura do favor. Lula, ele dá 100 mil reais, ou 200 mil reais, não sei quanto, para 50 milhões de pessoas. O quadro brasileiro é o seguinte: há quem está melhor do que estava, 20 milhões de pessoas que estão consumindo. A minha empregada está comprando um carro zero. Objetivamente, a inflação está segura, ainda é alta para alguns padrões, mas para nós aqui é uma maravilha. Todo mundo gosta de ver o Lula ao lado do Obama. Então na superfície da sociedade a melhora aconteceu. Embaixo é que é o problema, as grandes tendências que estão se acumulando são terríveis. A educação está um horror. A mesma empregada que compra um carro tem dois filhos, os dois meninos estão formados no grupo escolar, não sabem ler nem escrever. E o País se endivida de uma maneira brutal. Amanhã dá um repeteco lá fora e isso aqui vai ser um desastre. Isto é o que tem de ser levantado na campanha, o povo precisa tomar consciência da situação e conhecer as soluções corretas.
CC: Quais são as soluções corretas?
PAS: As soluções concretas dos problemas concretos e em um discurso que aponte para a dinâmica dessa solução concreta. Vou dar um exemplo: reforma agrária, o que pode ser feito agora? O que pode ser feito agora é crédito. Em todo caso, o encaminhamento de uma solução que aponte para um desequilíbrio, uma desestabilização, uma dinâmica de transformação. O MST e a CNBB estão propondo o seguinte: as propriedades com mais de 1.000 hectares serão desapropriáveis, não quer dizer desapropriadas, o que permitirá muito maior flexibilidade. Qual é a solução para o programa educacional? Pagar melhor o professor, mais verba etc.
CC: Mas onde achar a verba?
PAS: Tudo bem, que tem, tem, se não pagar a dívida brutal, essa dívida interna imensa, tem dinheiro adoiado. Mas não é isso, isso segura. O que não segura? Uma ideia. Se nós queremos democratizar este país, a educação tem de ser pública. Trata-se de transformar a educação em uma atividade fora do comércio.
CC: Eliminar a ideia da escola privada?
PAS: Não existe escola comércio. Escola ideológica, escola católica, tudo bem. Faz uma comunidade, vai no fundo de imposto para a educação e diz olha, a minha escola é tal. Só que a verba que ele vai tirar ali é idêntica à verba que uma outra escola marxista, uma outra escola do vudu, da umbanda tirará no Piauí porque aí o menino do Piauí tem o mesmo microscópio.
CC: Isso tudo não é um tanto utópico?
PAS: É utópico, mas na minha campanha eu me empenharia em apontar o outro lado. Não em campanha programática, ideo-lógica, propagandista, não falaria em socialismo, em produção de mercadoria, mas colocaria soluções mais fortes.
CC: Como se enfrenta o desequilíbrio social provocado por uma distribuição de renda muito ruim?
PAS: Eu acho que a primeira medida é justamente a reforma agrária, precisamos colocar 6 milhões de famílias no campo, na terra. Precisamos de uma reforma agrária de verdade. Aliás, eu fiz um projeto para o Lula, um projeto modesto. Para ter uma ideia, no tempo do Sarney o Zé Gomes fez um primeiro plano para assentar 1,4 milhão de famílias em quatro anos, eu fiz para 1 milhão porque a correlação de forças não permite. O plano não passou, cortaram pela metade. E não cumpriram nem a metade. Por que a reforma agrária é a primeira medida? Porque a desigualdade começa no campo. No segundo andar fica a educação, depois vem o resto. Se você resolver educação e terra, que foi o que fez a China...
CC: Mas nós não temos uma elite muito resistente?
PAS: A última vez que eu vi o empresariado foi na festa de CartaCapital. Aquele dia eu achei uma graça o discurso do Lula. Ele dizia “Eu dei tudo para vocês e vocês são contra mim?” Florestan Fernandes diz o seguinte: “Essa é uma burguesia lúcida, consciente, que montou um projeto de contrarrevolução permanente para evitar qualquer réstia de poder do povo”. Essa é uma verdade, ela é capaz. Por outro lado é muito limitada porque aceita viver de comissões. Ela é uma burguesiasinha de acomodação. Então é curioso porque por um lado ela é feroz e competentíssima, por outro lado ela é uma burguesia de negócios. Ela está aqui, o País oferece um monte de negócios e ela é uma espécie de corretor do capital estrangeiro, ela presta o serviço e aí recebe um caraminguá que eu acho o fim do mundo.
CC: O PSOL nasceu como uma dissidência do PT. O que determinou a ruptura?
PAS: O PT era um projeto socialista, era um projeto de transgressão da ordem estabelecida e foi paulatinamente se tornando um partido da ordem. Quem estava lá dentro e não era da ordem era da desordem, falou “não, aqui tem um limite”. Eu segurei o que pude porque acho que o primeiro partido que o povo criou foi o PT, um partido que merecia o maior respeito. Em 300 anos de história, o PT foi o primeiro partido que não se fez no tapete. Segurei o que pude, mas chegou num ponto em que permanecer era impossível. Quando Lula começou a entregar a nossa moeda, o Banco Central rendeu-se à doutrina neoliberal, a reforma agrária não foi executada. Falei: bom, não tem mais o que fazer aqui dentro, vou tentar fazer em outro lugar. Essa é a origem do PSOL, o PSOL é uma tentativa de afastar-se da estratégia atual do PT. Nos seus primeiros 10 anos de vida, a estratégia do PT estava muito correta, respondia a uma realidade anterior à queda da União Soviética. Agora o caminho tem de ser outro, de certo modo mais radical, porque você tem menos intermediação. Naquele tempo havia uma intermediação social-democrata, hoje o conflito foi reduzido, mas ao mesmo tempo a situação não propicia uma correlação de forças favorável a mudanças profundas.
CC: O senhor acha que o governo de Lula foi melhor que o de FHC, ou pior?
PAS: Ah, de longe, muito melhor. É que o talento de Lula é maior que o de Fernando, Lula é um homem talentosíssimo. Ele é de certo modo, pegue a palavra com cuidado, ele é de certo modo um impostor, mas um impostor que acredita na própria impostura. É um demagogo, quando Lula chora, chora mesmo. Não é Jânio Quadros, que chorava lágrimas de crocodilo. Ele não, aquela explosão de choro quando o Brasil foi escolhido para a Copa... Imagine se o Fernando Henrique seria capaz de chorar. Aquilo tem um efeito popular enorme, porque é autêntico, porque é verdadeiro. E o Lula é um homem mais humano, sofreu mais, conhece mais.
CC: O que visa o PSOL ao concorrer na eleição para a Presidência?
PAS: A ideia básica é a seguinte: a nossa é uma candidatura realista, vai discutir os problemas reais e as soluções reais, mas vai mostrar que essas soluções ainda são um começo.
CC: A sua aposta numa votação num primeiro turno?
PAS: O quadro não está montado, mas é coisa pequena, na melhor das hipóteses uns 3% a 5%, não vai muito além disso.
http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=5955 ">
Mino Carta

05/02/2010

Educação Ambiental EM FOCO. Dizer não ao consumo predatório - é possível?

O Café Filosófico da CPFL Cultura recebe o Diretor Executivo da Thymus Branding, Ricardo Guimarães, para discutir o consumo predatório. E o que é isso?
Consumo predatório é aquele que causa danos ao meio ambiente, à saúde humana e às comunidades com as quais temos laços de solidariedade. É não apenas o consumismo exagerado, mas a compra de produtos fruto de exploração do trabalho, exploração insustentável dos recursos naturais, gerador de poluentes tóxicos, etc.
Este bate-papo ocorre dentro do módulo “Sustentabilidade ao nosso alcance: mudando hábitos e atitudes“, sob a curadoria da coordenadora da campanha Saco é um Saco, a Secretária de Articulação do MMA, Samyra Crespo.
O conceito de sustentabilidade nasceu dentro da disciplina Ecologia de Populações, onde se verificou uma estreita correlação entre a população de seres vivos e o meio natural, surgindo a teoria de que em cada ecossistema se estabelece uma determinada população que não pode extrapolar a capacidade de suporte do meio. A aplicabilidade prática desse conceito teve início nos anos 70 no manejo de áreas protegidas (parques e reservas biológicas).
Aos poucos o conceito que era exclusivamente aplicado na ciência ecológica foi sendo ampliado para as populações humanas, até que em 1992 tornou-se mundialmente conhecido com a proposição do Relatório “Nosso Futuro Comum” de que a crise ambiental sem precedentes na história das sociedades modernas exigia um “desenvolvimento sustentável”.
Com essa proposição, começou um debate internacional em torno das várias dimensões da sustentabilidade, destacando-se as dimensões econômica, ambiental e social.
Nos últimos 10 anos, estimulados pelos intensos debates sobre as responsabilidades e tarefas que são exigidas para enfrentar a crise ambiental, tem sido destacado o papel e o poder dos indivíduos em operar mudanças por meio de um consumo cada vez mais responsável de bens e serviços. Reconhecer a possibilidade desse protagonismo, é o eixo do módulo aqui proposto, em oposição à idéia de que só “processos sociais” orientados por políticas públicas podem mudar a realidade. Sem diminuir a importância das esferas política e social coletivas, a discussão que desejamos promover com este módulo aborda aspectos éticos, culturais, portanto que orientam as ações dos cidadãos comuns no seu dia a dia e na forma com fazem suas escolhas mais ordinárias como comer, educar os filhos, decidir como utilizar o seu tempo de lazer e de como contribuir para a sociedade em que vive.
As quatro palestras propostas guardam entre si o mesmo nexo: como sermos a partir de escolhas simples, práticas, ao nosso alcance, operadores das mudanças que precisam ser feitas para que caminhemos em direção a uma sociedade sustentável?
Como fazer acontecer a sustentabilidade, aqui e agora? Como fazer a nossa contribuição sem termos que nos tornar heróis, ou “salvarmos o planeta?”
A primeira palestra, “Sustentabilidade, aqui e agora”, pretende mostrar que as mudanças já estão acontecendo e que é possível nos conectarmos com elas, ajudando seu desenvolvimento. Uma verdadeira revolução está acontecendo na área da alimentação, saúde, lazer, compras responsáveis e movimento de consumidores.
A segunda palestra, “Sustentar desde a infância” aborda a tarefa nem sempre valorizada de educarmos a próxima geração dentro dos valores identificados como “sustentáveis”. Nela vão ser abordados a visão de”infância e sustentabilidade”, e apresentados o que está na esfera de decisão de pais e professores para evitar que nossas crianças sejam os futuros jovens e adultos “sem futuro”.
A terceira palestra, “Não ao Consumo predatório”, vai questionar o nosso lado “politicamente incorreto”, imerso em motivações nem sempre debatidas com vigor, propondo um método para identificar entre as centenas de escolhas que fazemos de alimentos, vestuário, opções de transporte e lazer, aqueles produtos e modalidades que devemos recusar por serem danosos ao meio ambiente, à nossa saúde ou ao bem estar de populações com as quais devemos manter laços de solidariedade.
A quarta e última palestra vai mostrar como gestos simples de “cuidar” e de pensar o que é “nosso” a partir da preocupação real de qual será o nosso “legado” aos nossos filhos e netos, é possível contribuir efetivamente para a conservação ambiental e para o bem estar de muitas pessoas. A palestra vai enfocar o crescente e bem sucedido movimento das RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), onde milhares de proprietários e chácaras, sítios e fazendas estão inovando na responsabilidade socioambiental.
As palestras são veiculadas online pelo CPFL Cultura. Vale a pena assistir!!

03/02/2010

ASSEMBLEIA DOS MOVIMENTOS SOCIAIS Salvador, 31 de janeiro de 2010. (Leiam aos poucos, pois é grande o documento)

10 ANOS DO FSM - (Fórum Social Mundial) OUTRO MUNDO É POSSÍVEL E NECESSÁRIO
Nós, militantes de diversas organizações dos movimentos sociais reunidos no FSM de Salvador, realizamos a Assembleia dos Movimentos Sociais com o intuito de consolidar uma plataforma de bandeiras unitárias e calendário de lutas.
O Fórum Social Mundial surgiu em 2001 como uma forma de resistência dos povos de todo o planeta contra a avalanche neoliberal dos anos 90.Dessa forma ganhou força e se tornou um grande pólo contra o hegemônico capital financeiro. Ao longo desses 10 anos passou pelo Brasil,Venezuela, Índia e Quênia, e outros países, levando a esperança de um mundo novo.
Foi dessa maneira que o FSM conseguiu contagiar corações e mentes para a ideia de que é sim possível construir outro mundo com justiça social,democracia, sem destruir o planeta e valorizando as culturas nacionais.O FSM foi fundamental para a construção de uma nova conjuntura que valorize a integração e a solidariedade entre os povos. E é assim que partiremos para novas lutas e para construir o próximo Fórum Social Mundial em Dakar, em janeiro de 2011.
Com o declínio do neoliberalismo e a crise do capitalismo, os valores representados por esse sistema passam a ser questionados pela sociedade. Assim, o capitalismo predatório que destrói o meio ambiente, causando graves desequilíbrios climáticos, que desrespeita os povos de todo o mundo e suas soberanias, que explora o trabalhador e desestrutura o mundo do trabalho, que exclui o jovem, discrimina o homossexual, oprime a mulher, marginaliza o negro, mercantiliza a cultura, é agora visto com ressalvas.
A crise financeira mundial é uma crise do sistema capitalista. Ela expôs as contradições intrínsecas a esse modelo e quebrou as certezas e a hegemonia do mercado como um deus regulador das relações comerciais e sociais. Essa crise abriu a possibilidade de se rediscutir o ordenamento mundial, os rumos da sociedade, o papel do Estado e um novo modelo de desenvolvimento. Porém, sabemos que esse momento pelo qual passamos é de profundas adversidades para a classe trabalhadora de todo o mundo em função das crises financeira e climática em curso. A consequência das crises é o aumento da desigualdade e por esse motivo reafirmamos o nosso desafio com as lutas e com a solidariedade de classe.
Nosso continente, a América Latina, atrai os olhos de todo o planeta diante de sua onda transformadora . Por outro lado, a hegemonia mundial ainda é capitalista e as elites não entregarão o continente que sempre foi tido como o quintal do imperialismo de mão beijada. Não é à toa a promoção do golpe contra Chávez em 2002, em Honduras em 2009, a tentativa de golpe contra Lula em 2005 ou mesmo a desestabilização d eFernando Lugo que está em curso no Paraguai.
Ao mesmo tempo, as elites se utilizam e fortalecem novos instrumentos de dominação. Sua principal arma hoje, é a grande mídia e os monopólios de comunicação. Esses organismos funcionam como verdadeiros porta-vozes das elites conservadoras e golpistas. Por isso ganham força os movimentos de cultura livre e as rádios e jornais comunitários que conseguem driblar o monopólio midiático.
O povo estadunidense elegeu Barack Obama em um grande movimento de massas, carregando consigo as esperanças de superar a era Bush.Entretanto, mesmo com Obama, o imperialismo continua sendo imperialismo. Os EUA crescem seu olho diante das grandes riquezas naturais do nosso continente, como a recente descoberta do Pré-sal. No mesmo momento em que os EUA reativam a quarta frota marítima, também instalam mais bases militares na Colômbia e no Panamá , além de insistir no retrógrado bloqueio a Cuba.
Atentos a esses movimentos do imperialismo, os movimentos sociais, reunidos no Fórum Social Mundial Temático em Salvador, reafirmam seu compromisso com a luta por justiça social, democracia, soberania, pela integração solidária da América Latina e de todos os povos do mundo, pelo fortalecimento da integração dos povos, pela autodeterminação dos povos e contra todas as formas de opressão.
No Brasil, muitos avanços foram conquistados pelo povo durante os 7anos do Governo Lula. O Estado foi fortalecido, alcançando maior ritmo de desenvolvimento, a distribuição de renda e o progresso social avançaram com a valorização do salário mínimo e políticas sociais como o Bolsa Família, a integração solidária do continente foi estimulada. Porém, muito mais há para ser feito. As Reformas estruturais capazes de enraizar as conquistas democráticas não foram realizadas e a grave desigualdade social perpetrada por mais de 5 séculos em nosso pais está longe de ser resolvida. Por isso, devemos lutar pelo aprofundamento das conquistas, nesse período de embate político que se aproxima.
Reafirmamos a luta contra os monocultivos predatórios, os desmatamentos, o uso de agrotóxicos que gera a poluição dos rios e do ar. Seguiremos na luta contra o latifúndio e em defesa da biodiversidade e dos recursos naturais como forma de preservação do meio ambiente, dos ecossistemas, da fauna e flora integradas com o homem.
Nos unimos no combate ao machismo, ao racismo e à homofobia. Lutamos por uma sociedade justa e igualitária, livre de qualquer forma de opressão, onde as mulheres tenham seus direitos respeitados e não sofram abusos e violências, os negros não sofram preconceito e saiam da condição histórica de pobreza que lhes é reservada desde os tempos da escravidão, os homossexuais tenham acesso a direitos civis e não sofram discriminação.
Sabemos que essas conquistas virão da luta do povo organizado. Por isso, convocamos todos os militantes a fazer um grande mutirão de debates envolvendo estados, municípios e segmentos sociais no intuito de construir um projeto de desenvolvimento soberano, democrático e com distribuição de renda para o Brasil. Só assim seremos capazes de aprofundar as mudanças que estamos construindo e derrotar a direita conservadora e reacionária do nosso país nas eleições que se avizinham.
Esse grito que expressa nosso anseio de liberdade e mais direitos, não poderia ser dado em lugar melhor. Estamos na Bahia, terra de todos os santos e de bravos lutadores, valorosos intelectuais e líricos poetas e artistas como a banda tambores das raças que abriu a Assembleia entoando versos que afirmam que:
Zumbi não morreu, está presente entre nós. Palmares, referência que sustenta nossa voz. Liberdade, igualdade, revolta dos búzios, levante malês, herança ancestral que alimenta a união é a força pra vencer!
De Salvador, conclamamos o povo brasileiro a lutar por um Brasil livre, independente, democrático e justo socialmente.
Para isso, o conjunto dos movimentos sociais brasileiros convoca a Assembleia Nacional dos Movimentos Sociais para o dia 31 de maio em São Paulo e definem as seguintes bandeiras de luta:
SOBERANIA NACIONAL
- Defesa do Pré-sal 100% para o povo brasileiro;
- Pela retirada das bases estrangeiras da América Latina e Caribe;
- Defesa da autodeterminação dos povos;
- Pela retirada imediata das tropas dos EUA do Afeganistão e do Iraque;
- Pela criação do Estado Palestino;
- Contra os Golpes de Estado a exemplo de Honduras;
- Contra a presença da 4ª Frota na América Latina;
- Pela integração solidária da América Latina;
- Contra a volta do neoliberalismo
- Pelo fortalecimento do MERCOSUL, UNASUL e da ALBA;
- Pela democratização e o fortalecimento das forças armadas;
- Pela defesa da Amazônia e da nossa biodiversidade como patrimônio nacional.
DESENVOLVIMENTO
- Por uma política nacional de desenvolvimento ambientalmente sustentável, que preserve o meio ambiente e a biodiversidade, e que resguarde a soberania sobre a Amazônia brasileira.
- Por um Projeto popular de Desenvolvimento nacional com distribuição de renda e valorização do trabalho;
- Pelo fortalecimento da indústria nacional;
- Contra o latifúndio e os monocultivos que depredam o meio ambiente
- Em defesa da Reforma Agrária.
- Redução da jornada de trabalho sem redução de salários;
- Por políticas Públicas para a Juventude;
- Defesa de formas de organização econômica baseadas na cooperação, autogestão e culturas locais;
- Pela alteração da Lei Geral do Cooperativismo e da conquista de um Sistema de Finanças Solidárias e Programa de Desenvolvimento da Economia Solidária (PRONADES), do Direito ao Trabalho Associado e Autogestionário, e de um Sistema de Comércio Justo e Solidário;
- Por um desenvolvimento local sustentável.
- Por Políticas Públicas de Igualdade Racial;
DEMOCRACIA
- Contra os monopólios midiáticos e pela democratização dos meios de comunicação.
- Contra a criminalização dos movimentos sociais;
- Em defesa da Cultura livre
- Pela ampliação da participação do povo nas decisões através de plebiscitos e referendum;
- Contra o golpe em Honduras;
- Contra a desestabilização dos governos democráticos e populares da América Latina;
- Pelo fim das patentes de remédios
- Contra a intolerância religiosa, em defesa do Estado laico.
MAIS DIREITOS AO POVO
- Educação pública, gratuita e de qualidade para todos e todas, com a universalização do acesso, promoção da qualidade e incentivo à permanência, seja na educação infantil, no ensino fundamental, médio esuperior. Por uma campanha efetiva de erradicação do analfabetismo. Adoção de medidas que democratizem o acesso ao ensino superior público;
- Defesa da saúde pública garantindo acesso da população a atendimento de qualidade. Tratamento preventivo às doenças, atendimento digno às pessoas nas instituições públicas;
- Pela garantia e ampliação dos direitos sexuais reprodutivos;
- Contra a exploração sexual das mulheres;
- Pelo fim do fator previdenciário e por reajuste digno para os aposentados.
SOLIDARIEDADE
- Solidariedade ao povo haitiano diante do recente desastre ocorrido em virtude de uma seqüência de terremotos.
- Solidariedade ao povo cubano – pela liberdade dos 5 prisioneiros políticos do Império.
- Solidariedade aos povos oprimidos do mundo.
- Solidariedade aos presos políticos do MST
CALENDÁRIO DE MOBILIZAÇÕES
08- 18 MARÇO – JORNADA DE COMEMORAÇÃO DOS 100 ANOS DO DIA INTERNACIONAL DA MULHER;
MARÇO – JORNADA DE LUTAS EM DEFESA DA EDUCAÇÃO DA UNE E UBES
ABRIL –Jornada de mobilizações em defesa da Reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais.
1 MAIO– DIA DO TRABALHADOR
31 MAIO – ASSEMBLÉIA NACIONAL DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
1 DE JUNHO – CONFERENCIA NACIONAL DA CLASSE TRABALHADORA
SETEMBRO - Plebiscito pelo limite máximo da propriedade