21/08/2011

O SIGNIFICADO DA INFÂNCIA

 Cada idade tem, em si mesma, a identidade própria,
Que exige uma educação própria,
Uma realização própria enquanto idade e
não enquanto preparo para outra idade.

Inicialmente a infância não era objeto de educação, mas somente de cuidados. A infância era objeto de assistência. Ainda é assim em muitos lugares. A preocupação fica por conta de suprir carências: carência de moradia, de carinho, de médico e de saúde, de alimentos, etc ...nesta concepção a Educação assume uma finalidade meramente supletiva: educar para evitar carência na infância. Queremos superar esta concepção.

Outra concepção a ser superada é a de preparar as crianças pobres para o trabalho. (lembram do programa do Sarney. O Bom Menino?). Não queremos que as crianças se atirem precocemente ao trabalho, ainda que tenhamos a concepção de que o trabalho é, em princípio, educativo.

Outra concepção muito freqüente no projeto educativo para a infância: a criança enquanto sujeito de domínio de atividades letradas. A pré-escola, o que significa esta palavra? Significa que entre os cinco/seis anos de idade a criança já tem que estar pré-escolada, já tem que dominar, se possível habilidades de leitura e escrita porque assim evitamos a reprovação na primeira série.

Não queremos escolarizar precocemente.
A idade de zero a seis anos tem uma identidade em si mesma, ela não está apenas definida pela inserção na escola.

Outra direção da educação muito freqüente, na década de 80: a infância, somente do futuro cidadão. Começamos a prepará-la na arte da democracia, na arte do diálogo, na arte da cooperação, na arte de um dia ter consciência de seus direitos.
Eis a linha tão presente na década de 80 e 90: a idéia de que a função principal da escola é preparar a infância e a adolescência para a cidadania consciente. É aceitável, mas temos que voltar a refletir que visa o preparar para o futuro.

A proposta hoje deve ser a escola enquanto serviço público, permitindo a vivencia de todas as dimensões da pessoa no presente. Não queremos uma escola para "um dia ser". Queremos uma escola onde na infância a cidadania seja uma realidade.
A idéia fundamental é que a escola de educação infantil dê condições materiais, pedagógicas, culturais, sociais, humanas, alimentares, espaciais para que a criança viva como sujeito de direitos, se experimente ela mesma enquanto sujeito de direitos. Permita ter as dimensões, ações, informações, construções e vivências.

Queremos ter uma escola viva, em que se viva a cidadania e não uma escola onde se sonhe um dia ser cidadão. Enquanto ser social que já é, na medida em que ela viver com mais intensidade e que ela é, estará se preparando para um dia viver com intensidade futuras idades, futuras fases de sua vivência, de sua formação.

Construamos o dia a dia da escola de uma maneira digna de cidadãos, de sujeitos de direito. Considerando a escola como espaço de vivência da cidadania. Implica em não estar apenas preocupados com as habilidades e conhecimentos que vai adquirir para um dia ser trabalhador, ser profissional, vencer na vida, vencer no vestibular, viver na cidadania.

Na última década houve uma preocupação com conteúdos, para torná-los mais críticos. É necessário, mas não é suficiente. A preocupação de aprender habilidades e dominar conteúdos sobrepôs-se a outros aprendizados. E, ouviu-se muito dizer que o lúdico ajuda a aprender matemática, que através das brincadeiras se aprende muito mais do que se planeja numa sala de aula. De acordo. Mas a brincadeira não pode simplesmente ser um instrumento para que a aula seja mais eficiente. A brincadeira tem sentido em si, porque somos seres lúdicos, tanto quanto seres conscientes, intelectuais, conectivos, etc...

Temos a linguagem corpórea tanto quanto a escrita e ambas tem que ser aprendidas, e não uma só em função da que é prioritária.
Há uma super alfabetização e matematização de nossas crianças. A escola superestima o domínio da linguagem escrita porque esquece outras linguagens. Esquece outras dimensões. O teatro não é válido só enquanto ajuda a decorar textos ou coisas parecidas. O teatro faz parte da nossa construção tanto quanto a leitura para um dia ler e inserir-nos na sociedade.

Há questões muito sérias a serem discutidas quando pensamos na infância como direito de vivencias e não apenas como preparo para a adolescência, a juventude ou a fase adulta.


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