27/09/2009

Você, Educacionista

Artigo publicado no jornal O Globo, no dia 16/02/2008Cristovam Buarque * www.cristovam.org.br
"Navio negreiro" foi escrito por Castro Alves em 1868, anos antes de Joaquim Nabuco escrever "O Abolicionista". Foi o poeta quem despertou o Brasil e divulgou a mensagem dos abolicionistas. Durante o regime militar, foram os poetas e cantores que nos acordaram para a democracia. Na semana passada, 120 anos depois da Abolição, os poetas voltaram às ruas com outra bandeira: o educacionismo. A escola de samba "Vai Vai", de São Paulo, cantou a educação como saída para o futuro do Brasil. No desfile das campeãs, carregou uma imensa bandeira do Brasil com o lema "Educação é Progresso", no lugar de "Ordem e Progresso". O Thobias Nascimento e os passistas da "Vai Vai" não são os únicos educacionistas no cenário brasileiro. O desfile foi inspirado no empresário Antonio Ermírio de Moraes, um educacionista que defende a educação como saída para o Brasil. Seu livro tem um título que lembra Castro Alves: "Educação, pelo amor de Deus". Jorge Gerdau é outro empresário educacionista, que há anos investe parte de seus recursos em educação. É um dos promotores do "Compromisso de Todos pela Educação", que mobiliza a consciência nacional e de nossos dirigentes para a importância da educação. Milu Vilela é uma educacionista que faz companhia ao Gerdau na direção do "Compromisso de Todos pela Educação". E a isso tem se dedicado há anos, usando sua energia e influência, procurando apoio, incentivando bons professores, bons secretários estaduais e municipais. Viviane Senna é outra educacionista. Usa obstinadamente seu prestígio para lutar pela educação. Não só pressionando politicamente nossos dirigentes, e investindo, por meio da Fundação Ayrton Senna. Tive o privilégio de visitar sua experiência na Zona da Mata pernambucana e assistir a recuperação de crianças que tinham ficado para trás, abandonadas pelo governo, pelas famílias e por si próprias, como casos perdidos do ponto de vista educacional. Já começavam a constituir o contingente de analfabetos adultos, quando seu programa trouxe-as de volta à esperança. Xuxa, uma das mais conhecidas artistas brasileiras, é quase desconhecida no que se refere ao seu trabalho como educacionista na Fundação Xuxa Menegel, onde atende 350 crianças, desde a primeira infância, e suas famílias, em um total de 2 mil pessoas. Rodrigo Baggio é um educacionista que se dedica desde a adolescência à tarefa de promover a inclusão digital que deveria ser feita dentro das escolas. Denise Valente dirige uma rede de 40 escolas da maior qualidade mantidas gratuitamente pela Fundação Bradesco, que atende mais de 109 mil alunos anualmente. Antônio Oliveira Santos, presidente da Confederação Nacional do Comércio, inaugura, no Rio de Janeiro, dia 19, a ESEM, a Escola Sesc de Ensino Médio, uma instituição com internato de alunos e professores. Jorge Werthein, José Roberto Marinho, Severiano Alves, Cláudio de Moura e Castro, Nizan Guanaes ¿ o Brasil está cheio de "educacionistas", adjetivo que ainda não existe nos nossos dicionários; militantes do "educacionismo", substantivo que os nossos dicionários ainda não adotaram, mas já tem significado: a doutrina que considera a educação como vetor fundamental do progresso, defende que a utopia não vem da desapropriação do capital dos patrões para os empregados, mas sim de colocar os filhos dos empregados na mesma escola dos filhos do patrão. A enorme bandeira do Brasil que os integrantes da "Vai Vai" carregaram no sambódromo paulista, com o lema "Educação é Progresso", mostrou que o movimento educacionista começa a crescer, no século XXI, como no século XIX, um movimento inicialmente muito pequeno cresceu, com o nome de abolicionista. Eles queriam que todos brasileiros fossem livres da escravidão; nós queremos que todos os brasileiros tenham acesso a uma escola de qualidade, único caminho para serem livres. Falta fazer com que os educacionistas de hoje se transformem em um exército. Por isso, seja um educacionista, você também. * Professor da Universidade de Brasília, Senador pelo PDT/DF.

26/09/2009

Liberdade e justiça social - Por Frei Betto

Na década de 1980 visitei, com frequência, paises socialistas: União Soviética, China, Alemanha Oriental, Polônia, Tchecoslováquia e Cuba. Estive também na Nicarágua sandinista. As viagens decorreram de convites dos governos daqueles países, interessados no diálogo entre Estado e Igreja. Do que observei, concluí que socialismo e capitalismo não lograram vencer a dicotomia entre justiça e liberdade. Ao socializar o acesso aos bens materiais básicos e aos direitos elementares (alimentação, saúde, educação, trabalho, moradia e lazer), o socialismo implantara, contudo, um sistema mais justo à maioria da população que o capitalismo. Ainda que incapaz de evitar a desigualdade social e, portanto, estruturas injustas, o capitalismo instaurou, aparentemente, uma liberdade – de expressão, reunião, locomoção, crença etc. – que não se via em todos os países socialistas governados por um partido único (o comunista), cujos filiados estavam sujeitos ao “centralismo democrático”. Residiria o ideal num sistema capaz de reunir a justiça social, predominante no socialismo, com a liberdade individual vigente no capitalismo? Essa questão me foi colocada por amigos durante anos. Opinei que a dicotomia é inerente ao capitalismo. A prática de liberdade que nele predomina não condiz com os princípios de justiça. Basta lembrar que seus pressupostos paradigmáticos – competitividade, apropriação privada da riqueza e soberania do mercado – são antagônicos aos princípios socialistas (e evangélicos) de solidariedade, partilha, defesa dos direitos dos pobres e da soberania da vida sobre os bens materiais.
No capitalismo, a apropriação individual e ilimitada da riqueza é direito protegido por lei. E a aritmética e o bom-senso ensinam que quando um se apropria muitos são desapropriados. A opulência de uns poucos decorre da carência de muitos.
A história da riqueza no capitalismo é uma sequência de guerras, opressão colonialista, saques, roubos, invasões, anexações, especulações etc. Basta verificar o que sucedeu na América Latina, na África e na Ásia entre os séculos XVI e a primeira metade do século XX. Hoje, a riqueza da maioria das nações desenvolvidas decorre da pobreza dos países ditos emergentes. Ainda agora os parâmetros que regem a OMC são claramente favoráveis às nações metropolitanas e desfavoráveis aos países exportadores de matérias-primas e mão de obra barata. Um país capitalista que agisse segundo os princípios da justiça cometeria um suicídio sistêmico; deixaria de ser capitalista. Nos anos 80, ao integrar a Comissão Sueca de Direitos Humanos, fui questionado, em Uppsala, por que o Brasil, com tanta fartura, não conseguia erradicar a miséria, como fizera a pequena Suécia. Perguntei-lhes: “Quantas empresas brasileiras estão instaladas na Suécia?” Fez-se prolongado silêncio. Naquela época, nenhuma empresa brasileira operava na Suécia. Em seguida, indaguei: “Quantas empresas suecas estão presentes no Brasil?” Todos sabiam que havia marcas suecas em quase toda a América Latina, como Volvo, Scania, Ericsson e a SKF, mas não precisamente quantas no Brasil. “Vinte e seis”, esclareci. (Hoje são 180). Como falar em justiça quando um dos pratos da balança comercial é obviamente favorável ao país exportador em detrimento do importador? Sim, a injustiça social é inerente ao capitalismo, poderia alguém admitir. E logo objetar: mas não é verdade que, no capitalismo, o que falta em justiça sobra em liberdade? Nos países capitalistas não predominam o pluripartidarismo, a democracia, o sufrágio universal, e cidadãos e cidadãs não manifestam com liberdade suas críticas, crenças e opiniões? Não podem viajar livremente e até mesmo escolher viver em outro país, sem precisar imitar os “balseros” cubanos? De fato, nos países capitalistas a liberdade existe apenas para uma minoria, a casta dos que têm riqueza e poder. Para os demais, vigora o regime de liberdade consentida e virtual. Como falar de liberdade de expressão da faxineira, do pequeno agricultor, do operário? É uma liberdade virtual, pois não dispõem de meios para exercitá-la. E se criticam o governo, isso soa como um pingo de água submergido pela onda avassaladora dos meios de comunicação – TV, rádio, internet, jornais, revistas – em mãos da elite, que trata de infundir na opinião pública sua visão de mundo e seu critério de valores. Inclusive a ideia de que miseráveis e pobres são livres...
Por que os votos dessa gente jamais produzem mudanças estruturais? No capitalismo, devido à abundância de ofertas no mercado e à indução publicitária ao consumo supérfluo, qualquer pessoa que disponha de um mínimo de renda é livre para escolher, nas gôndolas dos supermercados, entre diferentes marcas de sabonetes ou cervejas. Tente-se, porém, escolher um governo voltado aos direitos dos mais pobres! Tente-se alterar o sacrossanto “direito” de propriedade (baseado na sonegação desse direito à maioria). E por que Europa e EUA fecham suas fronteiras aos imigrantes dos países pobres? Onde a liberdade de locomoção?
Sem os pressupostos da justiça social, não se pode assegurar liberdade para todos. Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros.

19/09/2009

Neoliberalismo e Educação:

· Neoliberalismo, qualidade total e educação - Luciana Sacramento Aguiar: "Nesse momento todos nós envolvidos com a educação e todos os cidadãos devem estar atentos ao discurso silencioso neoliberal que vai gradativamente difundindo os princípios privativistas na educação, discurso esse que carrega uma lógica perversa de mercantilização da educação que só agrava a desigualdade já existente." (Fonte: AGUIAR · As políticas educacionais no contexto do neoliberalismo - Antônio Inácio Andrioli: "A conjuntura das políticas educacionais no Brasil ainda demonstra sua centralidade na hegemonia das idéias liberais sobre a sociedade, como reflexo do forte avanço do capital sobre a organização dos trabalhadores na década de 90. A intervenção de mecanismos internacionais como o FMI e o Banco Mundial, aliada à subserviência do governo brasileiro à economia mundial, repercute de maneira decisiva sobre a educação." (Fonte: Revista Mensal ) · Neoliberalismo, sistema educacional e trabalhadores em educação no Brasil - Síntese de palestra proferida por Armando Boito Jr. (livre docente de Ciência Política da Unicamp) no Grande Auditório do Centro Anhembi, em São Paulo, durante o 4º Congresso Nacional de Educação (4º Coned) realizado de 23 a 26 de abril de 2002: "Nossa profissão é tão importante quanto todas as demais e, de qualquer modo, se se detectasse alguma diferença de importância entre as profissões, ainda restaria por demonstrar que tais diferenças deveriam ser reproduzidas no plano da remuneração. Essa é a luta ideológica que devemos enfrentar para completar, digamos assim, o processo de unificação interna do nosso movimento sindical e aproximá-lo cada vez mais e de maneira cada vez mais sólida da luta geral dos trabalhadores brasileiros, sejam eles trabalhadores manuais ou trabalhadores intelectuais." (Fonte: Revista Mensal)

Palestra do Frei Beto. Vejam os 6 vídeos: Espiritualidade e pós modernidade

Uma série de 6 vídeos que valem a pena assistir. Veja na página do Youtube, para ver toda a série.

15/09/2009

PBH REALIZA PRÉ-CONFERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO

 Sábado, 12 de Setembro de 2009
Ano XV - Edição N.: 3422
Poder Executivo
Capa


A Prefeitura de Belo Horizonte realiza no dia 26 de setembro, às 8h, as Pré-Conferências Regionais de Educação, em pontos distintos das nove regio­nais da cidade. Na ocasião, serão eleitos 60 representantes da comunidade escolar, que atuarão como delegados na Conferência Municipal de Educação (Comed-BH), preparatória da Conferência Nacional de Educação (Conae 2010), e na V Conferência Municipal de Educação. Toda a comunidade pode participar dessas conferências, mas, para isso, é preciso participar de uma das pré-conferências. Para se inscreverem, os interessados devem procurar as Gerências Regionais de Educação.

Comed-BH

A Comed-BH será realizada nos dias 5 e 6 de outubro, no Sesc Venda Nova (rua Maria Borboleta, s/nº, bairro Letícia). Durante o encontro, serão eleitos 174 delegados que representarão a capital no Conferência Estadual de Educação (Coeed-BH). A Comed-BH tem grande importância, pois é a primeira vez em que sociedade civil, agentes públicos, entidades de classe, estudantes, profissionais da educação e pais se reunirão em torno da discussão pela melhoria da qualidade da educação brasileira, para fins de proposição de políticas públicas em âmbito nacional. É uma grande oportunidade para que as pessoas possam contribuir para a definição de critérios, proposição de alterações supressivas ou aditivas aos eixos temáticos constantes de um documento, cujo objetivo é qualificar e otimizar a educação.

.As questões abordadas na Comed-BH serão levadas para a Coeed-MG, prevista para novembro deste ano e, posteriormente, serão debatidas na Conae, que será realizada em abril de 2010, em Brasília, com o objetivo de propor diretrizes e metas para a elaboração do novo Plano Nacional de Educação.


V Conferência Municipal

No dia 7 de outubro a­contecerá a V Conferência Municipal de Educação, que discutirá questões mais específicas do Sistema Municipal de Ensino, pautadas nos temas dos dois dias anteriores, articulando as questões pertinentes ao Plano Municipal de Educação, além de eleger os novos membros do Conselho Municipal de Educação para o biênio 2010/2011.

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Nessas conferências, os temas debatidos serão emba­sados em seis eixos temáticos oriundos do tema central da Conae: “Construindo o Sistema Nacional articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas diretrizes e estratégias de ação”.
Locais onde serão realizadas as Pré-Conferências


  • Barreiro - Escola Municipal Luiz Gatti (rua O Garimpeiro, 45, Conjunto Ademar Maldonado)


  • Centro-Sul - Escola Municipal Marconi (avenida do Contorno, 8.476, bairro Santo Agostinho)

  • Leste - Escola Municipal Santos Dumont (avenida Mem de Sá, 600, bairro Santa Efigênia)

  • Nordeste - Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti (avenida Bernardo Vasconcelos, 288, bairro Cachoeirinha)

  • Noroeste - Escola Municipal Belo Horizonte (avenida José Bonifácio, 189, bairro São Cristóvão)

  • Norte - Escola Municipal Hélio Pellegrino (rua Guilherme Soares, 255, bairro Guarani)

  • Oeste - Sebrae (avenida Barão Homem de Melo, 329, bairro Nova Suíssa)

  • Pampulha - Regional Pampulha (avenida Antônio Carlos, 7596, bairro São Luiz)

  • Venda Nova - Escola Municipal Geraldo Teixeira da Costa (rua Márcio Lima Paixão, 8, bairro Rio Branco)

12/09/2009

AÇÃO POPULAR

Reforçamos a necessidade de ampliarmos a coleta de assinaturas do
Projeto de Iniciativa Popular com os seguintes objetivos:

a) a redução do interstício para a progressão por mérito para o mínimo
de 913 dias, previsto pelo Estatuto do Servidor, e não por 1.095 como
vem sendo aplicado pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte;
b) Um piso salarial para todos(as) os(as) Trabalhadores(as) em
Educação nível médio (Auxiliares de Escola, Biblioteca e Secretaria);
c) Unificação da carreira do cargo de Educador Infantil com o cargo de
Professor Municipal.

* As assinaturas já coletadas devem ser entregues no Sind-Rede/BH.