26/11/2011

Educação Especial

1 Segundo o Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica) no 02/01, os educandos
que apresentam necessidades educacionais especiais são aqueles que, durante o processo educacional, demonstram:
a) dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitação no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento
das atividades curriculares compreendidas em dois grupos: aquelas vinculadas a uma causa orgânica específica
e aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações e deficiências;
b) dificuldades de comunicação e sinalização diferenciadas dos demais alunos, demandando adaptações de acesso ao currículo
com a utilização de linguagens e códigos aplicáveis;
c) altas habilidades/superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os levem a dominar rapidamente os conceitos,
os procedimentos e as atitudes e que, por terem condições de aprofundar e enriquecer esses conteúdos, devem receber
desafios suplementares
 Quem ganha com a inclusão de crianças com deficiência?
Estudos e experiências realizados no Brasil e no mundo
demonstram que a Educação Inclusiva é benéfica para todos os envolvidos.
Os alunos com deficiência aprendem:
• melhor e mais rapidamente, pois encontram modelos positivos nos colegas;
• que podem contar com a ajuda e também podem ajudar os colegas;
• a lidar com suas dificuldades e a conviver com as demais crianças.

Os alunos sem deficiência aprendem
• a lidar com as diferenças individuais;
• a respeitar os limites do outro;
• a partilhar processos de aprendizagem.
Todos os alunos, independentemente da presença ou não de deficiência, aprendem
• a compreender e aceitar os outros;
• a reconhecer as necessidades e competências dos colegas;
• a respeitar todas as pessoas;
• a construir uma sociedade mais solidária;
• a desenvolver atitudes de apoio mútuo;
• a criar e desenvolver laços de amizade;
• a preparar uma comunidade que apoia todos os seus membros;
• a diminuir a ansiedade diante das dificuldades.

DAS DIFERENÇAS:
"Eu preferia que meus filhos estivessem em uma escola onde as diferenças são notadas, cuidadas e vistas como sendo uma notícia boa para enriquecer o processo de aprendizagem.
A pergunta a qual várias pessoas estão preocupadas é “qual é o limite da diversidade além do
comportamento aceitável?” Porém a pergunta que eu gostaria que fizessem mais freqüentemente é: “Como podemos transformar o uso deliberado das diferenças de classes sociais, gênero, idade, habilidades, raça e interesses em recursos positivos para serem usados na aprendizagem?”
As diferenças oferecem uma grande oportunidade para o aprendizado. As diferenças oferecem recursos livres, abundantes e renováveis. Eu gostaria de ver a nossa compulsão por querer eliminar as diferenças em forças igualitárias e fazer uso dessas diferenças pra modificar as escolas. O que é importante sobre as pessoas e as escolas são exatamente as diferenças e não as semelhanças"
Robert Barth
_____________________________________________

01/11/2011

Sobre educação, racismo e miséria

O racismo é constitutivo do capitalismo brasileiro. É uma ideologia de dominação sem a qual a elite brasileira não se manteria
 Douglas Belchior

A presidenta Dilma Rousseff elegeu o combate à miséria como prioridade de seu governo. A relevância do tema provoca expectativa, em especial por conta da óbvia compreensão de que o combate à miséria requer algo mais do que políticas compensatórias superficiais, marca das ações governamentais nos últimos anos.
A superação da pobreza depende, fundamentalmente, do rompimento com os interesses do grande capital, no Brasil representado por uma elite racista e preconceituosa, formada por latifundiários e empresários do agronegócio, por banqueiros, especuladores financeiros, grandes meios de comunicação e empresas transnacionais de diversas áreas. Daí porque somente uma mudança estrutural nas relações políticas, sociais, raciais e econômicas seria capaz de combater efetivamente as desigualdades.

Pobreza e analfabetismo
Não podemos permitir ou compactuar com corte de recursos ou investimentos públicos nas áreas sociais. Ao contrário, devemos exigir uma ampliação desses investimentos, sempre considerando o peso da variável “raça” na estruturação das desigualdades sociais no Brasil. Para isso, basta analisar os dados do Censo 2010 do IBGE, segundo o qual aproximadamente 16,2 milhões de brasileiros vivem em condições de extrema pobreza. Desses, mais de 70% são negras e negros.
Já a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD) divulgada no final de 2010 apontou que o Brasil possui 14 milhões de analfabetos. E mais uma vez, percebe-se a população negra entre os mais preteridos no acesso ao direito à educação.
Aqueles que conseguem superar o analfabetismo encontram inúmeros desafios para completar o ensino médio, ter acesso a cursos técnicos e, principalmente, às universidades. Mesmo com o ProUni e o Enem enquanto via de acesso, as camadas mais empobrecidas têm ficado às margens das oportunidades visto o déficit na preparação prévia adequada e a própria limitação dos programas. São os cursinhos comunitários em todo Brasil que ocupam as lacunas deixadas pelo abandono do Estado. No caso da UNEafro-Brasil, mais de 2 mil jovens oriundos de escolas públicas se organizam em 42 núcleos, aliando estudo e luta em favor da educação pública. Será possível uma política efetiva de combate à miséria sem que haja ações dirigidas à população negra?